domingo, 8 de dezembro de 2013

Enchente em Japeri


Quinta-feira quatro de dezembro deve ter sido algo próximo do “Inferno de Dante” pra qualquer cidadão do Estado do Rio de Janeiro, não digo carioca, pois torna-se limitador demais. Para Mara, minha mãe e eu não foi diferente.  Fiquei presa na Rural, naquele temporal e  Mara também presa em outro ponto da cidade, não tirava a cabeça de casa. Quando enfim consegui chegar em Japeri, ou melhor Engenheiro Pedreira, simplesmente não conseguia atravessar a cancela,  o outro lado estava alagado. Tem um bolsão de água eterno, mas parecia acima do costume. Decidi largar o carro em uma ladeira ali perto  e correr pra casa  a pé ... estava disposta até aprender nadar naquele momento.  
Quando atravessei pela passarela caminhei alguns metros e encontrei outro bolsão de água, próximo ao posto de gasolina. Pra completar após mais uns 60 metros depois não havia mais energia elétrica, só enxergava quando um carro cruzava por mim, aumentando  o desespero, pois iluminava as  ruas próximas ao rio e revelava mais alagamento. Essas ruas estavam com aproximadamente 70cm de água ou mais. 
Cheguei em casa e encontrei aquilo que imaginava, minha casa alagada  e minha mãe desesperada preocupada comigo e com a Mara, que se encontrava presa no trânsito na altura de Anchieta, junto com duas colegas de trabalho. Não tinha energia elétrica, o que de certa forma é compreensível, os telefones também não funcionavam, estávamos todos de fato  isolados. Apenas, digo apenas 25cm de água,  pois ali no bairro composto de 5 ruas muitos perderam tudo, tudo mesmo. Meu bairro parece algo como um declive e esse rio/valão divide quase no meio.
Quando enfim a água recuou, sobrou lama, muita lama, dentro e fora da casa e a noção dos prejuízos materiais  e também psicológicos. A ponte da minha rua ( todas  daqui tem  pontes) foi abaixo, a contenção da lateral da minha casa foi junto e parte do muro da frente está comprometido. Era como nos  meus pesadelos, sem o surrealismo claro, entretanto ainda desesperador. Perdemos alguns objetos sim, ninguém sai ileso de algo desse porte, mas o  que me deixa mais angustiada e a possibilidade de acontecer de novo e viver esses momentos, novamente.
A energia voltou por volta das 2:30 da manhã e os telefones minutos depois. Só então consegui saber onde Mara estava, era angustiante  meu último contato com ela foi por volta de 21hs e 40 e pra quem saiu do trabalho as 17hs, era de causar agonia, e sim ela  estava bem. Chegou por volta de uma hora da manhã, também depois de  uma jornada casca grossa, todas as amigas foram dormir em Nilópolis na casa da mãe dela. Eu não consegui dormir, cochilava e acordava assustada.
O cheiro da lama não sai do meu nariz, estamos desde sexta tirando,  quanto mais você joga água mais ela dilui e espalha. Jogando objetos fora, aquele ritual referente a esses ocorridos. No mais  estamos cansadas, desanimadas, mas  na medida do possível ok. Boa parte da lama de dentro de casa já foi retirada, falta uma limpeza mais minuciosa e retirar toda a lama dos arredores da casa.  A TV já está no lugar, digo isso pois minha mãe angustiada e cansada dizia  “gostaria de ver um pouco de TV” ,  válvula de escape.
Decidi parar um pouco e escrever alguma coisa, afinal já passou de meia-noite. Escrever bobagens sempre funciona como válvula de escape desde a adolescência. Até por que não tenho disposição pra mais nada e preciso manter o ritual no domingo, na segunda, na terça. Acho que não terminaremos tão cedo.
Meu carro  levou uma porrada na traseira continua batido, de leve mais tá feio, não abre o porta-malas e parece que não conseguirei  um acordo amigável. Não contei sobre o carro? Deixa pra outro dia...
 Vida que segue e que 2013 acabe logo, por favor.


terça-feira, 24 de setembro de 2013

Nosso fantasma de cada dia






As vezes eu ouço pessoas reclamando e criticando negativamente bandas em formato duo ou Power trio, formatos antigos diga-se de passagem.  Os nossos  trabalhos e compromissos adversos, faz desses formatos algo atrativo sim, embora também complexos. Estou  usando complexo aqui pra agradar o povo que faz jus apenas as coisas com complexidade. Para os que só enxergam beleza no tal belo tradicional ou que pensam que três acordes e cores primárias são fáceis de usar.

Esses formatos  são interessantes também e principalmente para mulheres acima dos trinta que ainda gostam de tocar seus instrumentos musicais.  Mulheres com gama de responsabilidade  sim, mas cobradas ainda  em  pleno século XXI... cobradas para descascar batatas, entendam como quiser e substitua pelo  que interessar.  Quem nunca ouviu pra si ou para outra mulher a frase “ não tem o que fazer? Vai lavar uma louça!”, achando os tais trabalhos intelectuais coisas demais para mulheres, quiçá não achando nada mesmo.Vai ver essas atividades artísticas, digamos intelectuais e blá, blá, blá, sejam  nada demais mesmo, mas pra qualquer  macho ou fêmea. Entretanto o valor disso é outra história.

Voltando ao assunto, Eu ainda ouço que existem poucas mulheres nessa ou naquela atividade artística. São poucas sim, embora  na realidade por preguiça de pesquisar o assunto também. Você acha mesmo que o mundo da pintura se resume a incrível Frida Khalo? Ou vejamos na esfera masculina, só Da Vinci pintava naquele período? Surgiu algum pensamento de juízo de valor por ai? É provável.

 É,  talvez sejamos  um número “menor” mesmo, porque enquanto  os “dominantes” pensavam,  lavávamos cuecas, ninávamos bebês por imposição, não por escolha. E as mulheres abastadas? Bom, essas aprendiam a  tocar piano para  entreter os  intervalos das reuniões de família ou negócio,  outras escondiam seus escritos embaixo do colchão. Ah, mas  dizem que Heitor Villa Lobos também escondia seu violão embaixo da cama, um homem!!! Pois é um homem,  e outra história. Um homem autorizado a entreter um  público e ganhar por isso. O violão era proibido por ser coisa de vagabundo. A mulher caso sonha-se com a carreira  seria, assim com letra maiúscula mesmo,  A vagabunda.
   
Será que não estamos nos permitimos novas imposições? Imposições do nosso tão ansiado (dinheiro move a vida),  trabalho? Imposição do cansaço moderno? Nos tempos atuais, tudo não seria  mera desculpa da ... imposição? Será que teremos de ser cerceadas dos nossos sonhos e utopias para podermos lutar contra nossos fantasmas? Esse texto de começo confuso talvez contenha apenas palavras soltas, mas  com certeza nasceu de uma situação feliz ocorrida essa  semana, junto também com partes da reflexão no  livro  “Profissões para mulheres e outros artigos feministas” de  Virginia Woolf.  Vale a pena folheá-lo um dia e refletir se,  nosso fantasma de cada dia  nos tempos atuais é compreensivo  ou  mera desculpa. 

Talvez  retorne e modifique o texto,  mas por enquanto é só. Meus instrumentos musicais e de desenhos  aguardam, melhor   evocam minha presença. Preciso atender essa, imposição? Sim esse é meu livre arbítrio.
 
O link abaixo tem um trecho do livro:  
http://www.lpm.com.br/livros/Imagens/profissoes_para_mulheres_trecho.pdf

> É tem mulheres  abdicando do seu livre arbítrio...
>> Minha mãe ( meu pai também)  na minha infância  e juventude  soprou algumas pérolas;
>>>  E pensar que existem mulheres gays tratando  suas parceiras da mesma forma, ou seja como empregadas domésticas; 
>>>> Imagem usada: Estudo  feito com carvão  na aula de Modelo Vivo I (UFRRJ);


domingo, 21 de julho de 2013

Karma Police, Thinking about you


Estou pensando enquanto a água ferve para o café.
Ao fechar os olhos  as notas batidas no piano pululam  e
Se entrelaçam com os dedos dos acordes do violão

Em 1:18 os dedos massageiam meu globo por sob as pálpebras.
E vem o movimento de pêndulo

Outra recomeça, um violão espancado,  a palheta
Rasga a pele, e esguicha ... lágrimas

No que eu penso? Causa e efeito?
Eu passei o café, 
só esqueci de tomar.

"You've got the music in you, don't let go"


Pelo final da década de 90 alguns aplicavam suas queixadinhas sobre o "New Radicals" e qualquer coisa desse ou outro  gênero. Então  as rádios agora não tem mais "bandinhas desse tipo", o rock no rádio morreu, e suas queixadinhas agora podem ser irrelevantes e a minha também. 
Antes era rock coisa ruim e rock coisa boa, Música de verdade, música do Pinóquio, ou POP ( Smiths, Iron Maiden e Legião são pops), lembrando do parâmetro bom pra sí mesmo, nesse momento.
 Queixadinha aqui e acolá, sem o retorno do rádio, Jaba mais que oficializado e  preguiça instalada no primeiro andar do desejo de buscar música nova do sujeito. 
60 gbs de música que vc não consegue ouvir no seu MP3PODS da vida e a maioria um flashback dos infernos. Nada contra  Bebê, recordar é viver, mas será que realmente não existe coisa nova e interessante?
 “ inhantes” era Cidi Guerreiro e U2.  “ inhagora” toda essa massa sonora ...  atochada nos tímpanos de quem quer e não quer ouvir.  Tem espaço!Não digam isso.  O sol nasce pra todos, mas em alguns pontos é mais intenso que outros.
É Lobão  tens razão. Mas poucos te ouvem, o rádio ,ah o rádio. 

"You've got the music in you
Don't let go"
New Radicals

sexta-feira, 12 de abril de 2013

O SOL NASCE PRA TODOS, no mundo dos rios que SÓ CORREM PARA O MAR?



     Frases como “ é melhor trabalhar com alunos apáticos, problemáticos, introspectivos, eles não te questionam” ou “ele não me dá problema fica na dele, (introspectivo )e pra mim isso é suficiente” ou “ são todos imbecis”  ou “esperar mais o que?” ou “encaminha pro médico de cabeça ” ou ...

     Como assim? O que isso quer dizer? Do que essas pessoas falam?  Quando você consegue conversar com esses “alunos problemas, esquisitos”, descobre-se tantas habilidades. Eu sei que não é possível conversar com todos, é surreal. Entretanto, estamos tão blindados assim que não podemos virar um pouco para o lado? As vezes pergunto o que os professores pensavam a meu respeito ( se de fato me perceberam na sala de aula). Alias  eu já fui vista, (no trabalho, faculdade, escola ...) como introspectiva, tímida! Esquisita... mas sabe, passei a gostar do adjetivo e compreender que  oportunidades são para o mundo dos “DESCOLADOS”, mas só se você permitir.

      As Vezes não  conversamos, só palestramos. Não perguntamos o que o outro pensa ou espera, qual seus anseios, simplesmente “adjetiva-se” o outro. No momento, estou mais  interessada nos alunos com dificuldade de aprendizagem e o que as Artes podem trazer de benefício a elas quanto a isso. Quero  aproveitar essa vontade,  pois sabemos o quanto a educação pode te desgastar rapidamente, em especial a pública que anda com as pernas quebradas há tempos. O ser humano te desgasta, e a escola é humana, todavia nossa complexidade é surpreendente. Não quero mudar o mundo, apenas permitir que o meu seja melhor. E  se a cada futuro ano letivo, eu mirar em 300 e acertar 3 ou 4 , e se esses quiserem acompanhar estarei satisfeita, isso não é utopia.

      Sempre fui educadora só havia negado. Em breve irei formalizar com o canudo.
      Sempre fui artista, só havia esquecido. Não é necessário aparecer nas mídias para ser.

;)

 

* Imagem retirada de algum lugar na internet,não recordo de onde  :(

domingo, 31 de março de 2013

Lágrimas e Visões de Guerra S.A.






No dia 28 de março dei uma passadinha pela Caixa  como de costume. Fui com a intenção de ver Lasar Segal, mas sempre achamos outras coisas, entre elas uma instalação do artista Vinicius S.A. intitulada "Lágrimas de São Pedro", o qual me deu vontade de comentar aqui.  Instalações são difíceis de digerir, talvez pelo pouco contato que tenho com a arte conceitual , pelo pouco interesse ou pelo  foco obsessivo em outros meios artisticos, afinal de contas estou aberta a experiências e artisticamente não sou tão ortodoxa  assim.
O tempo que fiquei no meio das “gotículas”, só fez meu pensar    girar em torno  de fotografar  aquilo. Se esse era o objetivo, se precisa haver  objetivo , vai saber. Entretanto fiquei animada com a possibilidade . É possível  fazer   fotos  bem interessantes nessas instalações, claro dependendo do caso.  Basta um pouco de paciência,  olhar ou sorte ...  No meu caso ali presente, parada, olhando, pensei que funcionaria muito bem como ensaio fotográfico para capas de discos, ou clips de música.  Tudo bem que dá pra fazer  no “Photoshop e Illustrator  da vida”, entretanto é bacana ter esse outro  trabalho e produzir algo desse tipo, desse porte.  Não creio que tenha sido essa a intenção do artista, pelo menos não estava escrito no folder que eu li, contudo parece funcionar  bem dessa forma.
Não foi o melhor angulo da exposição, seria necessário experimentar outros pontos, uma  outra  dinâmica.  Na realidade eu queria subir e  ver Lasar Segal, meu cérebro era desejoso em Visões de Guerra  mesmo com pouco material  sobre e talvez por isso não tenha permitido aos meus outros sentidos a percepção da obra  conceitual de forma mais...  intensa.  Acabei vendo uma releitura dos trabalhos de Ivan Serpa feita pelo artista Adriano de Aquino também.
É isso , quem quiser experimentar, conhecer e reconhecer, passe na Caixa Cultural, Av. Almirante Barroso, 25. 

  •  Foto registrada em Câmera de celular.

sexta-feira, 29 de março de 2013

Percepções

    
      É,  o tempo está agradável, não parece o Rio de Janeiro.  Minha casa tornou-se meu refúgio então. No quarto Mara toca guitarra, Jasmelina hoje não está na cozinha ou no seu trabalho, foi  na igreja equilibrar a fé da família . Eu,  aqui entre um teclar e  textos de arte e tintas ...

      A segunda-feira parece que nunca irá trazer os compromissos, os afazeres do trabalho  estimado. E trará, pois se ela não chegar, não chegará os meus anseios, meus devaneios, minhas tintas deslizadas no Salão Nobre no P1,  os saberes de professores pronunciados de forma apaixonada, de forma contida, de qualquer forma interessante, e alguns poucos sem muita vontade.

      É necessário estar interessado naquilo que se propõe a fazer, assim não se faz com pouca vontade. Entender, compreender  e aceitar  o compromisso, mesmo se for aquilo que não planejou.  No meu caso, trabalhos os quais podem parecer distintos,  acabam dialogando de alguma maneira. Alguns ou muitos dos princípios dos conhecimentos adquiridos podem ser usados aqui ou acolá. 

    Tudo que aprendi ( não que seja muito) ligado a música, áudio (da gravação ), artes plásticas (textos e práticas variadas), cinema, a conversa  com o vizinho chato ou o papo da moça na minhoca de metal. Todas essas coisas podem vir a serem usadas de alguma maneira,  em determinado momento.  Ou nunca fui normal e minhas análises  por deveras são estranhas mesmo. Filha única conversa com paredes ( até parece que só os filhos únicos fazem isso!), com gatos e com seus pôsteres de roqueiros  um dia colados na parede.

      Termino aqui, ouço umas vozes, longe chamando ... é Gombrich ou Arnheim? Opa, cheguei nesse estágio... 


•    P1 > Prédio principal da UFRRJ
•    Salão Nobre > Onde são ministradas algumas disciplinas do curso de Belas Artes
•    Ernst Gombrich > Historiador da arte
•    Rudolf Arnheim> Psicólogo alemão = Professor de Psicologia da Arte
Copyright © 2010