terça-feira, 30 de agosto de 2011


E quem vai esgotar o poço
Colar fragmentos, aumentar o espaço?
Diante de tanta vida nem sei.

Soneto LXIV - Cem Sonetos de Amor


De tanto amor minha vida se tingiu de violeta
e fui de rumo em rumo como as aves cegas
até chegar em tua janela:
tu sentiste um rumor de coração quebrado

E ali da escuridão me levantei a teu peito,
sem ser e sem saber fui à torre do trigo,
surgi para viver entre tuas mãos,
me levantei do mar a tua alegria.

Ninguém pode contar o que te devo, é lúcido
o que te devo, amor, é como uma raiz
natal de Araucânia, o que te devo, amado.

É sem dúvida estrelado tudo o que te devo,
é o que te devo é como o poço de uma zona silvestre
onde guardou o tempo relâmpagos errantes.
                                     Pablo Neruda

quarta-feira, 24 de agosto de 2011

Não existe bat-sinal.

          Vou  deixar jorrar essa angústia...
Uma colega de trabalho teve seu carro  roubado ontem. É bem vinda ao mundo adulto Lizz, ela é apenas mais uma nas estatísticas. Não, não sei, nunca vou me acostumar com essas coisas, por mais que sejam corriqueiras. Situações ruins acontecem todos os dias com o mundo inteiro (e quem sabe em outro planeta). Não irei enumerar tais desgraças, sabemos quais e podemos imaginar sem auxílio de palavra e vírgula.
           Esperamos isso em qualquer lugar a qualquer momento, mas em alguns lugares,  nunca imaginamos ou acreditamos que irá acontecer. Lugares como  dentro da escola, ali naquele pátio que há oito horas atrás crianças estavam brincando. As escolas, o que são agora?
          Quem vai ajudar? Não existe bat-sinal ou está quebrado? Estamos mais e mais vulneráveis, e não tenho como não ser cliché agora, mas estamos largados.
         

Eu estou errada?

         
          Se  roubam algum objeto que deixamos em algum lugar solitário,  o fizeram pois "largamos" ali. Se roubam o carro e não tem seguro alguém diz "pô que loucura carro sem seguro".  
              Tem alguma coisa errada nesses discursos, ou eu tô errada?

         
         
                             

terça-feira, 23 de agosto de 2011

Continua?


          A porta abre. Percebo que estou um pouco distante, mas  caminho sem pressa. Não gosto de lugares cheios, ainda mais sujos e aparentemente lúgubres. Porém são segundos suficientes para sair sem desespero. Um vendedor ambulante esbarra no meu ombro, passa direto. É tão comum esse ato, essa coisa de não se desculpar. Quantas desculpas esse homem teria que pedir durante uma semana?


segunda-feira, 15 de agosto de 2011

domingo, 14 de agosto de 2011

1946-1998 (2)


A princípio achei que houvesse esquecido. Olhei nos cantos, no meio, inteiramente.
Percebi que por mais que me esforçassse não lembrava. Conclui que perdera, pra sempre e sempre.
Não sinto, não ouço. Só vejo.


Star Gogh (estudando)

A timidez atrapalha. Vamos lá:

Star Gogh. July 2011. Oil on canvas. Brazil, RJ, Japeri.



O pó

As vezes me sinto como Rimbaud.
Não. Sem pretensões poéticas,
Apenas rugindo ao vento

As vezes me sinto Van Gogh.
Novamente sem pretenções pincelísticas,
Apenas rugindo ao vento

Tão besouro, divisão de alegrias,
Por muitas vezes me sinto,
refrigerante de Cola.

E perco a rima
espalho a tinta
quebro a corda.


sábado, 13 de agosto de 2011

I wish yours did too

Tô aqui curtindo alguns  remixes do Queens of Stone Age.  Antes tarde do que nunca.
Tá igual a mim? Ouve esse by Peaches e fique feliz :



sexta-feira, 12 de agosto de 2011

Mil \Gatos/

Aproveitando o momento dicas legais:
"É bom ter um monte de gatos em volta. Se você está mal, basta olhar pra eles e fica melhor, porque eles sabem que as coisas são como são.
 Não tem porque se entusiasmar com a vida, e eles sabem. Por isso, são salvadores.Quantos mais gatos um sujeito tiver, mais
 tempo viverá. Se você tem cem gatos, viverá dez vezes mais que se tivesse dez. Um dia, isso será descoberto: as pessoas terão mil gatos e viverão para sempre."
Bukowski

domingo, 7 de agosto de 2011

2068

Morrer depois dos  noventa e  mesmo assim não dará tempo.
Um bônus?

Criatura

Criatura,

aparece aqui num fim de tarde
Quem sabe eu posso entender.
Aparece aqui num dia frio,
Quem sabe assim eu posso entender.
Aparece pela manhã;
é contra, não tem congestionamento.
É rápido, apesar de longe.

Não, não venha
isso me confunde mais.
Não quero saber se posso entender.
Não saber, pois isso não faz sentido,
nem em um fim de tarde,
nem num dia frio.
E pela manhã eu nunca estou em casa.
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