terça-feira, 24 de setembro de 2013

Nosso fantasma de cada dia






As vezes eu ouço pessoas reclamando e criticando negativamente bandas em formato duo ou Power trio, formatos antigos diga-se de passagem.  Os nossos  trabalhos e compromissos adversos, faz desses formatos algo atrativo sim, embora também complexos. Estou  usando complexo aqui pra agradar o povo que faz jus apenas as coisas com complexidade. Para os que só enxergam beleza no tal belo tradicional ou que pensam que três acordes e cores primárias são fáceis de usar.

Esses formatos  são interessantes também e principalmente para mulheres acima dos trinta que ainda gostam de tocar seus instrumentos musicais.  Mulheres com gama de responsabilidade  sim, mas cobradas ainda  em  pleno século XXI... cobradas para descascar batatas, entendam como quiser e substitua pelo  que interessar.  Quem nunca ouviu pra si ou para outra mulher a frase “ não tem o que fazer? Vai lavar uma louça!”, achando os tais trabalhos intelectuais coisas demais para mulheres, quiçá não achando nada mesmo.Vai ver essas atividades artísticas, digamos intelectuais e blá, blá, blá, sejam  nada demais mesmo, mas pra qualquer  macho ou fêmea. Entretanto o valor disso é outra história.

Voltando ao assunto, Eu ainda ouço que existem poucas mulheres nessa ou naquela atividade artística. São poucas sim, embora  na realidade por preguiça de pesquisar o assunto também. Você acha mesmo que o mundo da pintura se resume a incrível Frida Khalo? Ou vejamos na esfera masculina, só Da Vinci pintava naquele período? Surgiu algum pensamento de juízo de valor por ai? É provável.

 É,  talvez sejamos  um número “menor” mesmo, porque enquanto  os “dominantes” pensavam,  lavávamos cuecas, ninávamos bebês por imposição, não por escolha. E as mulheres abastadas? Bom, essas aprendiam a  tocar piano para  entreter os  intervalos das reuniões de família ou negócio,  outras escondiam seus escritos embaixo do colchão. Ah, mas  dizem que Heitor Villa Lobos também escondia seu violão embaixo da cama, um homem!!! Pois é um homem,  e outra história. Um homem autorizado a entreter um  público e ganhar por isso. O violão era proibido por ser coisa de vagabundo. A mulher caso sonha-se com a carreira  seria, assim com letra maiúscula mesmo,  A vagabunda.
   
Será que não estamos nos permitimos novas imposições? Imposições do nosso tão ansiado (dinheiro move a vida),  trabalho? Imposição do cansaço moderno? Nos tempos atuais, tudo não seria  mera desculpa da ... imposição? Será que teremos de ser cerceadas dos nossos sonhos e utopias para podermos lutar contra nossos fantasmas? Esse texto de começo confuso talvez contenha apenas palavras soltas, mas  com certeza nasceu de uma situação feliz ocorrida essa  semana, junto também com partes da reflexão no  livro  “Profissões para mulheres e outros artigos feministas” de  Virginia Woolf.  Vale a pena folheá-lo um dia e refletir se,  nosso fantasma de cada dia  nos tempos atuais é compreensivo  ou  mera desculpa. 

Talvez  retorne e modifique o texto,  mas por enquanto é só. Meus instrumentos musicais e de desenhos  aguardam, melhor   evocam minha presença. Preciso atender essa, imposição? Sim esse é meu livre arbítrio.
 
O link abaixo tem um trecho do livro:  
http://www.lpm.com.br/livros/Imagens/profissoes_para_mulheres_trecho.pdf

> É tem mulheres  abdicando do seu livre arbítrio...
>> Minha mãe ( meu pai também)  na minha infância  e juventude  soprou algumas pérolas;
>>>  E pensar que existem mulheres gays tratando  suas parceiras da mesma forma, ou seja como empregadas domésticas; 
>>>> Imagem usada: Estudo  feito com carvão  na aula de Modelo Vivo I (UFRRJ);


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